terça-feira, 16 de agosto de 2011

Escola Politécnica da UFRJ promoverá futuro na energia nuclear no Brasil na Primeira Semana da Energia Nuclear


Pela primeira vez o Brasil terá um encontro acadêmico sobre a energia nuclear. Trata-se da Primeira Semana de Energia Nuclear (SEN) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cuja iniciativa é da Escola Politécnica/ COPPE, e dos alunos das duas primeiras turmas do Curso de Graduação de Engenharia Nuclear. Os interessados poderão se inscrever de graça, de 15 a 19 de agosto (segunda a sexta-feira).
O SEM tem o apoio e patrocínio do Ministério da Ciência e Tecnologia (Governo Federal); Indústrias Nucleares do Brasil (INB); Eletrobrás; Associação Brasileira de Energia Nuclear (ABEN), e Associação Brasileira para Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN). O evento tem como objetivo promover o debate entre os setores relacionados à Engenharia e à Energia Nuclear e, ainda, divulgar e esclarecer questões sobre o primeiro Curso de Graduação em Engenharia Nuclear, iniciado em 2010.
A Cerimônia de abertura será no dia 15, das 9h às 11h30, no Auditório CGTEC. Na ocasião serão ministradas palestras e mesas-redondas sobre temas relacionados à Segurança de Instalações Nucleares, Ciclo do Combustível e Aplicações da Engenharia Nuclear, além de visitas ao Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), Instituto Nacional do Câncer (INCA) e laboratórios do Programa de Engenharia Nuclear (PEN).
Durante a SEN, terá destaque a importância da formação do engenheiro nuclear na composição de mão de obra especializada para atender a demanda por geração de energia. O evento objetiva, ainda, mapear o mercado para o setor e servir como elo entre as empresas que usam a energia nuclear e o futuro profissional, visando estreitar os laços entre ambos e desenvolver o setor no país, através da capacitação de mão de obra especializada. Atualmente, a UFRJ já conta com cursos de Mestrado e Doutorado em Engenharia Nuclear.
Dentre os assuntos da pauta do SEN, tem destaque o tema Desafios tecnológicos e de engenharia na Implantação da última etapa industrial do ciclo do combustível no país. De acordo com os organizadores do evento, a previsão é de que se formem, em media, 50 profissionais por ano no Curso de Engenharia Nuclear, mas esse número poderá ser maior.
De olho no mercado de trabalho-Na avaliação do professor de Análise de Segurança do PEN/DNC da UFRJ, Paulo Fernando Frutuoso e Melo, o mercado de engenharia nuclear é promissor. Ele ressalta um ‘caso’ relevante de uma aluna, que cursava o bacharelado em física na Unicamp, quando se mostrou interessada no Curso de Graduação em Engenharia Nuclear. A aluna prestou vestibular para a UFRJ e aproveitou os créditos dos dois primeiros anos do curso de origem na Unicamp, os quais são basicamente os mesmos dos dois primeiros anos na UFRJ - com exceção de algumas poucas disciplinas que ela cursou depois. Desse modo, ela começou a cursar, no ano passado, as disciplinas do terceiro ano do curso e, portanto, em 2012 ela se formará.
- Para ser aluno do curso de engenharia nuclear da Escola Politécnica é preciso vocação, pois a responsabilidade desse profissional será grande. Nós garantimos a excelência do ensino oferecido. Ao aluno, cabe a vontade de se tornar um profissional competente. Contudo, o mercado apresenta excelentes possibilidades para essa mão que estamos formando - frisa Fernando Frutuoso.
Segundo o coordenador do Programa de Energia Nuclear PEN/DNC da UFRJ, Su Jian, os profissionais formados no Curso de Engenharia Nuclear apresentarão uma base sólida e técnica/científica, capaz de absorver e desenvolver novas tecnologias no campo nuclear. Estarão capacitados também para uma atuação crítica e criativa na identificação e solução de problemas, considerando aspectos políticos, econômicos, sociais e ambientais que envolvem o tema da energia nuclear.
- A engenharia nuclear da Politécnica da UFRJ é considerada uma das melhores do mundo, o que leva os profissionais formados diretamente para o mercado de trabalho.
A primeira turma a se formar no curso oferecido pela UFRJ, em 2015, poderá ser absorvida pela Usina Nuclear de Angra 3 , avalia Su Jian.
Opções de trabalho- O engenheiro nuclear estará apto a trabalhar na indústria nuclear, com a exploração de minerais relevantes para a geração de energia elétrica, ou na concepção, construção e operação de reatores nucleares, bem como na gestão de aspectos de segurança relacionados ao uso de materiais radioativos.
O mercado para o setor não se restringe apenas ao trabalho na indústria nuclear. Áreas da medicina e da agricultura também têm demanda por estes profissionais. A SEN visa, ainda, fomentar a oferta de acadêmicos, que serão necessários para manter a excelência no desenvolvimento dos profissionais do setor.

Copel reforçará transmissão de energia no Paraná e São Paulo


A Copel recebeu autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel para implantar reforços nas instalações de transmissão em dois de seus empreendimentos: na subestação Cascavel Oeste, no Oeste do Paraná, e na linha de transmissão Araraquara 2 a Taubaté, em 500 mil volts, no interior do estado de São Paulo.
As obras autorizadas envolvem investimentos da ordem de R$ 36,8 milhões e irão assegurar um adicional anual de receitas de R$ 5,2 milhões à subsidiária de geração e transmissão de energia elétrica da Companhia. Os projetos básicos já estão sendo iniciados.
Cascavel
Os reforços autorizados para a subestação Cascavel Oeste, no Paraná, compreendem a instalação do terceiro banco de autotransformadore da unidade que será composto por tres equipamentos com potência individual de 200 MVA (megavolts-ampères), operando nas tensões de chegada de 525 mil e 230 mil volts e dos módulos de conexões associados além da ampliação do barramento de 525 mil volts.

Essa é a maior subestação do sistema de transmissão operado pela Copel, com potência de transformação de 1.200 MVA. O aumento da sua capacidade em 600 MVA vai proporcionar maior disponibilidade de energia para os consumidores estabelecidos em todo o Oeste e Sudoeste do Estado, com melhoria na segurança operacional e nos níveis de confiabilidade do sistema elétrico.
Para a instalação desses reforços de transmissão na subestação Cascavel Oeste, também será necessária a realocação de estruturas metálicas de três linhas de transmissão no terreno e no entorno da subestação. Uma das linhas é de propriedade da Copel, outra da Abengoa e a terceira, da Eletrosul.
A implantação dessas obras exigirá investimentos estimados em R$ 35,5 milhões, permitindo à subsidiária de geração e transmissão da Copel uma receita anual de R$ 5,1 milhões. Tal empreendimento representa 15% das metas físicas de expansão da transmissão relativamente à capacidade de transformação prevista no planejamento estratégico da Companhia até 2015.
São Paulo
Também foi aprovada pela Aneel a implantação de circuito duplo nos últimos 5,4 km da linha de transmissão em 500 mil volts que interligará as subestações Araraquara 2 e Taubaté, no interior de São Paulo, com lançamento somente do primeiro circuito.
Tal alternativa viabilizará a construção da futura conexão prevista entre as subestações Taubaté e Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro, por meio de uma linha de transmissão que também deverá operar na tensão de 500 mil volts.
Os impactos sociais e econômicos antevistos para a construção da linha até Nova Iguaçu serão significativamente atenuados, pois ela poderá compartilhar tanto as torres quanto a faixa de segurança da linha que a Copel está construindo e cujo traçado passa por uma região urbana de Taubaté cujo crescimento é bastante expressivo.
A execução dessa obra autorizada pela Aneel exigirá a utilização de uma nova série de estruturas metálicas adequadas à sustentação de dois circuitos de transmissão e a implantação de 11 torres autoportantes, sendo quatro do tipo ancoragem e sete do tipo suspensão.
Esses reforços na linha de transmissão entre Araraquara e Taubaté terão custo aproximado de R$ 1,3 milhão e vão proporcionar à Copel um aumento de R$ 140 mil na receita anual permitida para esse empreendimento.
A concessão para a construção dessa linha, que integra o Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal, foi arrematada pela Copel em leilão promovido pela Aneel no dia 11 de junho de 2010.
Com 356 km de extensão, essa linha reforçará a rede básica de transmissão que atende ao maior pólo consumidor de eletricidade do país, permitindo escoar a energia proveniente das hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em construção no rio Madeira, na Região Amazônica.


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Brasil estuda construir hidrelétricas em 7 países da América Latina




O governo brasileiro realiza estudos para construir usinas hidrelétricas em ao menos sete países da América Latina.
América do Sul tem de dobrar capacidade energética até 2030 para evitar ameaça de apagão
Os projetos tentam atender à crescente demanda por energia da região, que vive um período contínuo de expansão econômica, mas, em alguns casos, enfrentam resistência local de ambientalistas e de críticos de um suposto "imperialismo" do Brasil.
As usinas, que gerariam cerca de 12 mil MW (Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo, gera 14 mil MW), seriam erguidas em associação com empreiteiras locais e também abasteceriam o mercado brasileiro.
Lançado neste ano, o Plano Decenal de Expansão de Energia cita projetos para a construção de hidrelétricas no Peru, na Bolívia, na Guiana e na fronteira com a Argentina.
Entre os projetos, estão seis usinas no Peru, que totalizariam aproximadamente 7 mil MW de capacidade instalada.
As hidrelétricas, listadas em acordo assinado em 2010 pelos então presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alan García, custariam US$ 15 bilhões (cerca de R$ 23 bilhões) e seriam geridas pela Eletrobrás, estatal brasileira do setor elétrico.
No entanto, em junho, o Peru cancelou a licença provisória de um consórcio brasileiro para a construção da primeira das usinas, no rio Inambari. A decisão ocorreu em meio a protestos no departamento (Estado) de Puno, o mesmo que abrigaria a hidrelétrica, pela cassação de todas as concessões nos setores energético e minerador do Peru.
Para Sinval Gama, superintendente de operações internacionais da Eletrobrás, cabe agora à empresa esperar pelas novas diretrizes a serem definidas pelo governo do presidente Ollanta Humala, que assumiu o cargo em julho.
"Cada país é soberano, cabe aos investidores se adequar às regras", disse à BBC Brasil.
Manifestantes peruanos alegam que as usinas seriam mais benéficas ao Brasil do que ao Peru, já que o país andino arcaria sozinho com o prejuízo ambiental das obras.
Em resposta a este argumento, Gama afirma que o consórcio estuda formas de exportar a energia excedente a outros países, como Chile e Argentina. "Assim, a energia poderá ser exportada para onde o Peru achar melhor."


OUTROS PAÍSES


Na Bolívia, a Eletrobrás estuda a implantação da hidrelétrica Cachoeira Esperança, com 800 MW.
Na Guiana, a companhia verifica a viabilidade de uma usina com potência de 1.500 MW e está mapeando o potencial hidrelétrico total do país, estimado em 8 mil MW.
A energia poderá ser importada pelo Brasil por meio de interligações em Roraima e substituir o uso de combustíveis fósseis na região.
Há ainda duas usinas binacionais, que produziriam 2 mil MW, em estudo entre o Brasil e a Argentina, a serem instaladas no rio Uruguai.
Além desses empreendimentos, segundo Sinval Gama, a Eletrobrás iniciou negociações sobre possíveis investimentos no Suriname e na Guiana Francesa. Também há previsão de construção de uma hidrelétrica na Nicarágua.


DEFICIT ENERGÉTICO


Para Gama, embora a carência de energia na América Latina favoreça no longo prazo os planos de expansão da Eletrobrás, no curto prazo, pode acarretar em decisões equivocadas dos governos.
"Quando o sapato aperta, procura-se um sapato folgado e só depois é que se vê qual sapato é o melhor", disse.
Ele explica que a urgência em gerar energia pode fazer com que os países optem por investimentos com resultados mais rápidos, como em usinas termelétricas.
"Mas a solução por uma matriz limpa e renovável nunca pode ser de curto prazo", afirmou. Segundo Gama, a construção de uma hidrelétrica exige uma série de estudos e licenças que dificilmente são concluídos em menos de dez anos.


IMPERIALISMO BRASILEIRO


Ao mesmo tempo em que estimula a internacionalização da Eletrobrás, o governo brasileiro tenta evitar que os investimentos da estatal nos vizinhos sejam vistos com ressalvas pelas populações locais, como se refletissem uma espécie de "imperialismo brasileiro" na região.
Por isso, segundo um diplomata brasileiro ouvido pela BBC Brasil, o governo advoga que as relações com os vizinhos não devem ocorrer somente no campo econômico, mas também em cooperação em políticas sociais e em segurança nas fronteiras, por exemplo.
Quanto aos acordos energéticos, o Itamaraty diz que o Brasil busca situações em que haja ganhos para os dois lados e ampara as negociações em tratados internacionais, que tenham respaldo de todas as partes.