Depois de marcar sua entrada no maior pólo consumidor de energia elétrica do Brasil, arrematando em junho a concessão para construir e operar duas obras de grande porte -- uma linha de transmissão e uma subestação -- no interior de São Paulo, a Copel agora vai ingressar na região que concentra a maior parte do potencial hidrelétrico remanescente do país, a Amazônia.
No leilão para contratação de energia elétrica proveniente de novos empreendimentos de geração realizado nesta sexta-feira (dia 30 de julho) pela Aneel, a Companhia paranaense arrematou a concessão para construir e operar a Usina Colíder, empreendimento com 300 megawatts de potência situado no Mato Grosso, a 700 km da capital Cuiabá e nas proximidades da cidade de Colíder
A Copel venceu os seus competidores oferecendo um deságio de 10,9% sobre o valor teto fixado pela Aneel, dispondo-se a vender 70% da eletricidade produzida por R$ 103,40 por megawatt-hora. Essa energia será destinada a 27 distribuidoras do país todo.
A comercialização obrigatória no ambiente regulado de 70% da energia garantida da Usina Colíder vai assegurar à Copel, pelo prazo de 30 anos, uma receita anual total de R$ 113,2 milhões. Os demais 30% serão negociados no mercado livre, onde os preços de venda são melhores. Considerando por hipótese que toda a produção da usina venha a ser negociada pelo preço do mercado regulado, a nova hidrelétrica da Copel gerará mais de R$ 5 bilhões em receitas durante todo o tempo da concessão.
Por ser uma obra incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, a Copel irá gestionar excepcionalização junto ao Conselho Monetário Nacional a fim de tornar o empreendimento elegível para a obtenção de financiamentos junto ao BNDES.
A Copel disputou isoladamente a concessão da Usina Colíder como investidora, mas já contando com uma estrutura de parceiros pré-contratados que inclui as empresas J. Malucelli Construtura, Engevix, VLB Engenharia, CR Almeida e Impsa.
O outro empreendimento de interesse da Copel que foi negociado no mesmo leilão, a Usina Hidrelétrica Garibaldi, em Santa Catarina, foi arrematado por um grupo privado que ofereceu deságio de quase 20% em relação ao preço teto do edital. "Participamos dessa disputa ao lado da Eletrosul e dentro do nosso limite de responsabilidade como empresa estatal, pois entendemos tratar-se de um empreendimento com elevado risco fundiário, com escala reduzida e, em termos estratégicos, que não nos abre novas perspectivas futuras", informou o presidente. "Dessa forma, preferimos concentrar nossos esforços na Usina Colíder, esta sim, um projeto com enorme potencial estratégico por já colocar a Copel dentro da região onde acontecerá a expansão da geração hidrelétrica do Brasil".
A Usina Colíder será o primeiro de quatro aproveitamentos hidrelétricos previstos para serem executados no curso do rio Teles Pires, no norte do Mato Grosso. Esse rio integra a bacia do Tapajós, um dos principais afluentes do rio Amazonas e, no seu trecho final, marca o limite entre os estados do Mato Grosso e Pará. Além desses quatro empreendimentos, existem mais oito aproveitamentos de grande porte inventariados na bacia do Tapajós previstos para serem leiloados nos próximos anos. Ademais, há outros rios da mesma bacia que estão em fase de estudos de inventário.
O empreendimento Colíder terá 300 megawatts de potência instalada -- o suficiente para atender ao consumo de uma cidade com 850 mil habitantes -- e deverá começar a produzir energia em dezembro de 2014. Seu sistema de transmissão será formado por uma subestação e uma linha de transmissão com 130 km de extensão, ambas na classe de tensão de 500 mil volts.
Conforme estimativas incluídas pela Aneel no edital do leilão, os investimentos necessários à construção da Usina Colíder somarão perto de R$ 1,26 bilhão.
As características técnicas da hidrelétrica prevêem a construção de uma barragem no trecho médio do rio Teles Pires, nas proximidades da cidade de Colíder, com 1.270 metros de comprimento na crista e 37 metros de altura máxima. A estrutura formará um reservatório com superfície total de 172 km2 -- sendo 24,7 km2 a área correspondente à calha do rio e 147,3 km2 de área a ser alagada. O represamento vai atingir terras de quatro municípios (Nova Canaã do Norte, onde será instalada a casa de força da hidrelétrica, e mais Colíder, Itaúba e Cláudia), localizados numa região onde a estrutura fundiária é formada predominantemente por grandes propriedades e cuja principal atividade econômica é a pecuária bovina.
Durante a elaboração do EIA/Rima do empreendimento, foram cadastradas na região de influência direta da Usina Colíder 86 unidades fundiárias rurais, uma pousada dedicada ao turismo rural e 13 ranchos utilizados para pesca. Também foram identificados seis sítios arqueológicos e cinco áreas de ocorrências arqueológicas. Embora não existam terras indígenas na área de influência direta da hidrelétrica, os estudos preliminares apontaram a existência de comunidades indígenas pertencentes a quatro diferentes etnias na bacia do rio Teles Pires.
A licença prévia ambiental da Usina Hidrelétrica Colíder foi concedida em dezembro de 2009. Segundo informações do EIA/Rima elaborado para o empreendimento, as obras deverão gerar cerca de 2,7 mil empregos diretos.
Usina Colíder gerará receitas superiores a R$ 5 bilhões durante a vigência da concessão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário