Por Júlio Santos, da Agência Ambiente Energia - Um bilionário negócio, estimado em R$ 155 bilhões nos próximos 15 anos, movimenta-se para voltar a ser realidade.
Visto há uns três anos como oportunidade de ouro, o segmento de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) busca novos caminhos para se expandir. Além de entrar de vez na rota do mercado livre, onde se vende energia para grandes consumidores a preços melhores, e também para o mercado de clientes especiais, os investidores correm atrás de condições mais competitivas nos leilões de energia, destinados à venda para as distribuidoras.
Neste caso, procura-se uma solução com taxas mais atraentes de financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Se no lado comercial tudo parece caminhar para a frente, do lado da burocracia para a
liberação dos projetos muito ainda precisa ser feito. Segundo os agentes, a liberação de um empreendimento, envolvendo todas as fases do processo, pode levar, às vezes, mais de cinco anos.
Uma estimativa da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), que reúne investidores em PCH, solar, eólica e biomassa, aponta uma capacidade instalada de 23,7 mil MW, com um total de 1.931 projetos em todas as fases do processo de autorização na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), incluindo também o potencial teórica da fonte. Na projeção de investimento de R$ 155 bilhões nos próximos 15 anos, a Abragel levou em conta um custo de R$ 6,5 mil por kW instalado.
Em uma recente apresentação, Fábio Sales Dias, secretário-executivo da Abragel, traçou um raio-x do segmento de PCH no Brasil, mostrando sua evolução, o potencial de mercado, os entraves e os desafios que tem pela frente. Os números não deixam dúvidas sobre o tamanho das oportunidades para quem quer investir neste negócio. No entanto, é preciso superar desafios, como os de origem regulatória, fazer ajustes tributários, de custos e de financiamento para garantir a competitividade deste tipo de geração.
Quem também vê um grande potencial neste negócio é o professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) Geraldo Lúcio Tiago Filho, secretário-executivo do Centro Nacional de Referências em PCH. Para ele, é bem factível a meta colocada no Plano Decenal de Energia de a base instalada de PCH chegar a quase 7 mil em 2019. Só que ele vê um potencial muito maior para a fonte na matriz energética, que está na ordem de 25 mil MW.
Na lista de desafios a serem superados o especialista lista os incentivos dados a outras fontes, como as eólicas; os prazos de aprovação e estudos e registro junto à Aneel; a baixa atratividade nas tarifas dos leilões de energia; e a rigidez e demora no processo de licenciamento ambiental. Tudo isso somado, incluindo a revisão da resolução 395 e edição da 343/2009, trouxe mais custos para o investidor. “É preciso ter tarifa adequada para estimular o mercado de PCHs”, diz o professor, destacando o domínio que a engenharia nacional tem desta tecnologia. “Temos fabricantes de todos os tamanhos”, acrescenta.
O Ambiente Energia publica duas apresentações, do Fábio Dias e do professor Tiago Filho, que dão bem a dimensão das oportunidades, custos e desafios a serem superados para que as PCHs voltem a deslanchar. Nos dois casos, você poderá ver projeções sobre o preço ideal para esta fonte de energia nos vários mercados existentes para a entrega do que for gerado.
FONTE: Ambiente Energia
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